Uma operação do Ministério Público de São Paulo, deflagrada nesta quarta-feira (22), revelou um aspecto inusitado das estratégias de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC): o uso de lojas de brinquedos infantis como fachada para movimentar recursos ilícitos.
Denominada Operação Plush, a ação foi realizada em conjunto com a Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda estadual. Foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão em shoppings da capital paulista, de Guarulhos e de Santo André. Os shoppings e a rede de franquias à qual as lojas pertencem não são alvos da investigação.
Segundo o Ministério Público, as lojas investigadas funcionavam sob o modelo de franquia e permitiam que os clientes montassem bichinhos de pelúcia personalizados. Apesar da aparência de um negócio voltado ao público infantil, o empreendimento teria sido criado com o objetivo de lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas e de outras atividades criminosas do PCC.
As investigações apontam ligação das lojas com Claudio Marcos de Almeida, conhecido como Django, morto em 2022 e apontado como traficante e fornecedor de armas para a facção. A viúva de Django, Natália Stefani Vitória, e a irmã dela, Priscila Carolina Vitória Rodriguez Acuña, são suspeitas de terem investido cerca de 4,3 milhões de reais na abertura das lojas, sem comprovação de renda lícita compatível.
A Justiça determinou o bloqueio de bens e valores relacionados às investigadas. De acordo com o Ministério Público, o caso ilustra como o crime organizado vem diversificando suas formas de ocultar recursos ilegais, utilizando setores de aparência inofensiva para disfarçar movimentações financeiras.
A Operação Plush reforça uma tendência observada em outras investigações recentes, nas quais o PCC teria utilizado empresas de ramos variados — como padarias, motéis, fintechs e companhias de transporte — para lavar dinheiro, mostrando que as atividades ilícitas do grupo se infiltram cada vez mais em segmentos da economia formal.
Informações do G1/Globo.




